O humorista e repórter do programa CQC estreia temporada de shows solo no Teatro Frei Caneca no sábado (13/3)
Humorista fez teste para o CQC na ArgentinaA carreira é relativamente curta. Mas Oscar Filho já anuncia seu best of. Conhecido como um dos humoristas do programa CQC, ele estreia espetáculo de stand-up no sábado (13). Putz Grill é uma coletânea dos melhores textos criados pelo comediante nos últimos cinco anos. Com pouco mais de uma hora de duração, trata de temas como relacionamentos, saúde, televisão, cinema e vida animal. Repertório tão variados que fizeram a repórter temer ser alvo de alguma piada – o que não aconteceu. Atencioso, em entrevista a Época São Paulo, ele conta como a vaia pode ser útil, comenta os ataques que recebe no Twitter e como deixou de encenar textos de Nelson Rodrigues para fazer humor.
Por que se apresentar na cidade só agora?
Gosto muito de viajar, sou curioso, mesmo que não dê tempo de passear muito. E em São Paulo estou em cartaz desde 2005, com o Clube da Comédia. E eu queria levar meus textos e explorar esse humor no Nordeste. A região tem um humor próprio.
Você precisou adaptar seu trabalho?
Belém foi o primeiro lugar, eu estava tremendo. ‘Que será que vai rolar? Será que eles vão gostar?’ Mas foi muito bem. Em Mossoró também, porque fui vaiado pela primeira vez. Durante o show as pessoas sempre fazem uma gracinha para aparecer. Quem faz stand up está acostumado e, para que isso não atrapalhe o show, faz piada em cima e vai em frente. E o que aconteceu foi diferente. Fiz uma piada e só uma menina aplaudiu com força, empolgada. Daí, falei: ‘Ah, se ferrou, aplaudiu sozinha’. Continuei e um cara começou a bater palma para me sacanear. Ele não parava. Eu disse: ‘Você está atrapalhando. Se quiser fazer o show, vem pra cá!’. E a galera vaiou. Disseram que tudo bem se o cara continuasse. Então, cada um seguiu com seu show (risos). Já houve ocasiões em que as pessoas riram e aplaudiram em momentos que eu não esperava. Mas é legal, essas surpresas enriquecem, dão jogo de cintura para lidar com qualquer tipo de público.
Como um ator que representava textos de Nelson Rodrigues foi fazer comédia?
Eu fazia teatro em Atibaia desde os 13 anos e achava que na TV só tinha novela para trabalhar como ator. Quando mudei para São Paulo, vi que havia um milhão de possibilidades. Eu tinha a tendência a ser o engraçadinho da turma e aos poucos fui investindo no humor, dava certo. Em 2005, o Rafinha Bastos me chamou para começar o Clube da Comédia. Mesmo sem saber bem como funcionava, topei.
E como foi?
Fiz muito papel de mulher. Tinha de chegar duas horas antes, me maquiar e passar por uma longa preparação. É desgastante. O stand up é uma coisa mais solitária. O texto deve compensar a ausência de cenário e outros elementos. O que torna o stand up, apesar de simples, um tipo de humor complicado.
Você tem feito algo diferente, além de comédia?
Por causa do CQC, não dá tempo. Estou tentando fazer um curta metragem. É uma adaptação de Fábio Torres de um conto de Luiz Vilela. Acho que dentro de um mês vamos começar a trabalhar.
Como você foi parar no CQC?
A gente filmava as apresentações do Clube da Comédia e colocava os vídeos no YouTube – e eles tinham muitos acessos. Um diretor argentino procurava bons humoristas na internet para formar equipe do CQC...
Como é atuar como repórter?
Nunca fui jornalista. Entrei nessa por ser humorista. Meu diretor disse: ‘Pega esse microfone e vai’. O teste para o CQC foi na Argentina, eu mal entendia o que eles pediam e tive que me virar. Aos poucos desenvolvi algumas técnicas que não são de jornalista, mas funcionam. Sou muito expansivo, faço caretas e isso contribui. Toda pauta tem um assunto inicial, mas pode mudar completamente.
Você tem mais de 300 mil seguidores no twitter. Consegue ler tudo que enviam?
Comecei a filtrar. Nem sempre as pessoas interpretam a piada como tal e atacam com muita violência. Quem lê uma piada e não acha graça, deve seguir a própria vida. As pessoas levam muito a sério. Leio com mais atenção quem comenta no meu blog.
Você publica contos lá...
Sempre escrevi, mas guardava. Resolvi colocar no blog e parece que gostaram. É mais um lugar para me expressar.
O que você espera do publico com o novo espetáculo?
Estou com pouco de receio. Divido atenção com mais três pessoas no Clube da Comédia, é mais fácil. Em Putz Grill estou sozinho. O público de São Paulo é o mais exigente do Brasil. Ele tem acesso a muita coisa, muitas peças, muitos filmes. É um pessoal que tem uma noção maior do que é um espetáculo, do que a arte pode oferecer. Vamos ver até quando vou enganar esse pessoal...
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