Caso você não saiba, o Custe o Que Custar (CQC) é um programa humorístico que, na minha suspeitíssima opinião, vale mais do que a pena ser assistido. Exibido na Band (canal 4, ao menos na minha TV) às segundas-feiras às 21h15, horário local, o programa teve origem (pode acreditar!) na Argentina, onde (segundo o UOL Mais) se chama Caiga Quien Caiga, e ganhou ares brasileños em março de 2008.
Sob o comando do veterano Marcelo Tas, Rafinha Bastos e Marco Luque, no estúdio, Danilo Gentili e Mônica Iozzi nas externas, desde o início a equipe brasileira do CQC, que conta com oito integrantes, faz (quase) de tudo o que se possa imaginar no palco e fora dele. A forma irreverente e criativa de abordar todo tipo de tema e gente, das notícias da semana às questões políticas e esdrúxulas, torna a atração da Band um alienígena na alienante e por vezes angustiante e repetitiva grade de programação das TVs abertas do Brasil.
Como não poderia deixar de ser, o que mais prende a minha atenção nas (raras) vezes em que assisto ao CQC inteirinho é a questão linguística. Acho o máximo ver os usos e abusos ou (des)construções sintático-semânticas da trupe tanto em português quanto em inglês ou outras línguas estrangeiras (geralmente o espanhol – ou portunhol?) e em especial o susto ou surto dos famosos ou anônimos cuidadosamente abordados de acordo com o já manjado CQC style.
O programa exibido na segunda-feira, 12, e reprisado no sábado, 17, por exemplo, trouxe situações impagáveis vividas pela dupla Felipe Andreoli e Rafael Cortez (cujo inglês é respeitável) durante a Copa do Mundo na África do Sul, fosse entrevistando celebridades como o kaiser Franz Beckenbauer ou profissionais de outros canais brasileiros e o povão na rua com admirável jogo de cintura e, o mais impressionante, segurança e naturalidade. Quem disse que humor não é um negócio sério?
No mesmo programa, foram exibidas as entrevistas feitas com a atriz Cameron Diaz e o ator Tom Cruise. Eles estavam no país promovendo o filme Encontro Explosivo e se sujeitaram ao interrogatório feito por Oscar “Pequeno Pônei” Filho, que deixou bem claro que o seu nível de fluência em inglês é ao menos melhor do que o da beldade Sabrina Sato, do também humorístico Pânico na TV, exibido pela RedeTV! – infelizmente não mais exibido nas TVs abertas que temos à disposição na Rondolândia Desvairada.
O CQC apresenta ainda como quadro permanente o Top Five da TV brasileira, em que leva ao ar as cinco maiores gafes, asneiras ou esquisitices que a televisão brasileira produziu durante a semana. Da poderosa Rede Globo à incipiente TV Brasil (que está no ar por aqui!), nenhuma escorregadela escapa aos olhos sempre atentos e implacáveis por trás daqueles óculos escuros (estilo MIB – Men in Black) e seus maiores aliados (ou comparsas, sei lá!): os te-les-pec-ta-do-res. Também as propagandas são uma atração à parte. Daí aparecerem a Pepsi, Gilette, Trident, Sky e Dafra, dentre outras empresas ou produtos - afinal o CQC atinge o público jovem em cheio, mesmo aqueles jovens com 40 anos ou mais, como eu.
Esse, amigos fiéis da Band ou das demais emissoras de TV do Brasil, é o atual mundo em que vivemos: competitivo, estressante e incerto. Para combater o mau humor pessoal e alheio e escapar da mesmice que por vezes me sufoca e preocupa é que, sempre que posso, sintonizo a Band nas noites de segunda-feira ou sábado. E hei de não me deixar cair na tentação dessa rotina deliciosa, custe o que custar!
Fonte: A Tribuna - Mato Grosso
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